terça-feira, 15 de maio de 2012

As consultas

Devo acrescentar que, dizer que a pediatra se "passou" talvez seja um pouco forte, achou um pouco despropositada a conversa pois o puto para além de ser muito pequeno (na altura tinha 22 meses) e já ter terapia, o mais provável é daqui a uns anos não se notar nada e nós vivemos numa terra relativamente pequena onde os rótulos podem ser perversos.
Concordo com ela.
De qualquer maneira achou por bem irmos às tais consultas para sabermos mais uma opinião em relação às estratégias a adoptar.
Lá fomos a Lisboa, à clinica Gerações, a uma consulta de otorrino e outra de pediatria de desenvolvimento.
Na de otorrino entrou no consultório do médico a cantarolar, não lhe ligou muito, ficou no meu colo enquanto respondiamos a algumas perguntas sobre antecedentes familiares, doenças contraídas, entrada no infantário, etc. Depois passou para o exame, sentou-o numa cadeira e começou a falar com ele, a explicar tudo o que ia fazendo, eu e o pai ficámos impressionados, ele prestou muita atenção em tudo, colaborou como gente grande! A opinião do médico foi: uma perda de audição para afectar a fala tem de ser bilateral e com cerca de 70% de défice audito, pelo exame feito e comportamento dele achou que esse não é o caso mas colocou-nos á vontade para, se considerássemos necessário, fazer exames mais completos. Foi directo, "um menino que entra no consultório a entoar uma melodia não tem problemas de audição, pode ter sim uma PEA ligeira mas a colega da pediatria concerteza que vos irá dizer mais sobre o assunto".
Lá fomos para o piso de cima para a consulta com a pediatra de desenvolvimento... na sala de espera começou a ter os comportamentos que me preocupavam (tirar os bonecos da casinha das bonecas, voltar a colocá-los no interior da casa e assim sucessivamente, sem objectivo aparente...). Fomos muito bem recebidos, adorámos a médica, falei, falei, falei.... ela leu os relatórios da terapeuta e da educadora, fez uns testes e vaticinou: "As vossas preocupações são legitimas, ele tem uma Perturbação do espectro do autismo, se forem a outro colega meu, como o Dr. Pedro Caldeira irá falar-vos em essence, eu prefiro classificar como PEA atípica e ligeira, altamente funcionante. Irá notar-se durante uns anos um relativo atraso na fala, ex. aos 3 falará o que eles falam ao ano e meio ou 2"
Observação da mãe: Ok, que ele tinha alguma coisa eu já sabia, nós viemos aqui para saber o que fazer a seguir, como intervir...
primeira coisa a fazer: tirar a chucha! Aguardem um relatório que será enviado pelo correio"
E viemos para casa, o pai aliviado pois a médica tinha referido que ele tinha aspectos positivos como bom contacto ocular e acatar bem o não sem ficar a insistir. Eu de rastos, confirmava-se o diagnóstico de autismo. Demorei algumas semana a digerir, sempre a pensar no mesmo, de manhã á noite!
A nossa pediatra disse que podia ficar aliviada porque ele é inteligente e isso é o mais importante.
Podia ser pior, pois podia! Claro!

5 comentários:

  1. Olá Catarina venho estrear o teu cantinho (já tentei várias vezes mas deu erro)
    Antes de mais deixa-me dizer-te que adorava ter tido a tua sorte em relação a ter uma criança calminha, com a minha foi terrível, cólicas dia e noite, lembro-me dela estar cansadíssima, com os olhinhos enterrados de cansaço e as malditas cólicas nem dormir a deixavam. Eu andava de rastos, um dia estava tão desesperada que me meti no chuveiro a chorar desalmadamente...
    Ainda hoje não sei o que é dormir um noite inteira, ela chegou a acordar 10 vezes numa noite a ainda hoje acorda uma 2-3 vezes, por isso tás a ver que cada caso é um caso...
    Em relação ao teu menino e por aquilo que lí, acho que os sinais são mesmo muito positivos, até mais que no caso da minha filha!
    O facto do teu filho vos olhar, de prestar atenção às pessoas e colaborar como aconteceu na consulta é maravilhoso, se fosse a minha nunca ficaria no meu colo, por pouco tempo que fosse, tentava sair do consultório ou andava lá a mexer em tudo, como fáz na médica de família, não quer sequer que eu a agarre, começa a sacudir as mãos e a afastar-se.
    Também nunca ficaria sentada mais que 10 segundos numa cadeira, quanto mais colaborar, com ela tem que ser sempre tudo à força, eu bem explico as coisas, mas ela não quer que lhe mexam, afasta-nos as mãos e farta-se de se debater.
    Se puderes explica-me melhor em que consiste o exame auditivo, a minha também vai fazer e se for mesmo necessária colaboração por parte da criança já estou mesmo a ver o filme...
    Diz-me outra coisa, quando tú chamas pelo teu filho ele olha pra tí?
    Ele compreende ordens simples do gênero “vai buscar x e trás à mãe”?

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    1. Olá, Helena!
      Isso de ser uma sortuda por ter um filho calminho foi o que sempre ouvi até me parecer que era demasiado diferente dos outros. Parecia que isso de dormir a noite toda e de entreter-se sozinho enquanto eu arrumava a casa toda só acontecia comigo! Pois, parece que estão cada um no seu extremo. Pelo que tenho lido há estes dois casos, quer de bebés muito agitados ou bebés demasiado calmos.
      Ele olha para quem o chama sim, quer por J. quer por J.F. (ele tem 2 nomes. Compreende tudo (para a idade) e também ordem simples, como essa que disseste ou "vai levar o telefone ao pai", por exemplo. Ás vezes está tão absorvido com um brinquedo ou a fazer alguma coisa e não liga ou não olha à primeira.
      Em relação aos exames do otorrino, na consulta não passou de pôr aqueles funis e olhar lá para dentro e pouco mais. O outro, que tenho aqui escrito pelo médico, chama-se "ERA; potenciais evocados auditivos" segundo o médico não são fáceis de fazer apesar de não doer pois ao que parece têm de ficar quietos com um "capacete". Ele aconselhou escolher um hospital privado, Hospital da Luz ou Lusíadas fazem com sedação ou anestesia geral, ou Cuf que fazem sem anestesia. Caso escolhesssemos sem anestesia aconselhou a fazer na hora da sesta, a ver se ele se deixava dormir!
      Nós por enquanto não achamos necessário...
      Ontem esteve cá a educadora de apoio a conversar connosco sobre a avaliação dele, feita no infantário, e as notícias foram boas depois conto.

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  2. Revejo esse processo... Nunca acreditam em nadsa, os macaquinho são da nossa cabeça mas quando se analisa a fundo, lá se descobre qualquer coisa... A mim também me disseram que nao deveria arranjar tarefeira pois a educadoira era paga para tomar conta dos meninos. Nada mais errado... Além de estar a limitar o trabalho e profissão da educadora, quem falou assim não sabia minimamente do que falava.

    Resta tentar lidar com tudo isto e avançar. Custa mas pouco a pouco, o caminho vai-se fazendo.

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  3. O meu tambem era o bebe mais calminho do mundo....Mas olhe que isso muda :) hoje Meu Deus, e um furacao...mas tambem evoluiu muito desde os 2 anos quando foi diagnosticado. Tem 4 agora.

    Quanto ao diagnostico de Essence, apenas uma correccao, não e do dr pedro caldeira mas sim do Dr Miguel Palha. O Dr pedro fala normalmente em Perturbacao da Relacao e da comunicacao nestas idades e nunca usa o termo PEA o que acho muito acertado pois ha de facto casos que saem do dito espectro por volta dos 7 anos. No caso do meu falou apenas em imaturidade neurologica... Enfim, o rotulo e o que menos interessa. Interessa sim ajuda-los o melhor que conseguirmos e os progressos certamente virao atras. Beijinhos

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