quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Que nervos!

Pronto, e aqui estou eu nervosa, chateada, aborrecida com os outros e comigo própria! 
Está tudo bem com o pequeno, que cresce e se desenvolve a olhos vistos. Está crescido, interage bastante mais, fala bastante mais.... Persistem os interesses restritos (principalmente "popós", "coisas" com rodas para ser mais precisa) mas tudo bem porque até se interessa, quando motivado, por outras brincadeiras e tem bastante mais jogo simbólico. Estamos numa fase bastante boa e espero que se prolongue por muito tempo.
Então o que se passa?
O seguinte:
Os popós andam a desaparecer, e só desaparecem quando ele fica com o pai... evaporam-se.... ok, são só uns popós, não é um telemóvel, não sãos as chaves de casa, nem nada essencial à nossa vida. Mas quando a terapeuta da fala faz uma troca de carros, ou seja, ele deixa lá o carro que levou de casa e traz outro da terapeuta,  nos explica que com isso pretende fazer-lhe compreender o conceito de "emprestar"/"partilhar" e nos pede para na proxima sessão levar o carro de volta, pois o pai não só não o leva, como não sabe qual é e o carro já desapareceu (o faísca mcqueen), e que importância tem isso, afinal é só mais um popó!! 
Quando ele fica a chorar durante 20 minutos porque quer o pipo (jipe) dos dentinhos (da colecção dos carros) que desapareceu, isto depois de eu já ter chamado a atenção ao pai para ter mais atenção aos popós que circulam fora de casa e principalmente por lugares onde não são recuperaveis, ao qual ele encolhe os ombros e fica com cara (não diz) de "que importãncia tem um popó se ele tem aí mais outros 20 numa caixa, que estupidez!" Pronto "salta-me a tampa" e quem telefona a seguir... a sogra!
É assim tão dificil tomar atenção a uns carros? é assim tão disparatado? Parece que sim...

Isto leva-me ao que me anda, verdadeiramente a incomodar e a enervar,  a sensação de ter algumas pessoas com o pensamento, não assumido pois nunca me foi dito de forma direta e/ou explicita, de: "estás a ver? Andavas aí preocupada para nada, é tudo uma questão de tempo, e essas coisas de terapias e PEA são manias e modernices de pediatras "verdes" (entenda-se de geração mais nova) que tem a mania que os putos tem de ter todos o mesmo desenvolvimento e que qualquer dia querem que eles nasçam a falar e a andar!"
Se isto nunca me foi dito, porque é que eu tenho a sensação que é a opinião da minha sogra? Porquê? É a minha cabeça? E porque é que só sinto isto com ela, e não o sinto em relação com a minha familia?
Após uma conversa surreal ao telefone, que começou e acabou descontrolada da minha parte, por uma coisa que aos olhos de todos é insignificante mas para mim reflecte toda uma atitude perante a situação de diagnóstico e intervenção.
A "mãe" (eu) exacerba as questões e não aceita opiniões diferentes da sua. E estas questões vão desde o fato de ele com 18 meses não falar nem apontar - que não são dignas de preocupação porque cada criança tem o seu ritmo, quem já teve 2 filhos que só começaram a falar aos 2 anos e já conheceu outros tantos que não falam ao ano e meio e não tem problema nenhum, sabe bem isso; ou ao fato de eu querer que o pai do meu filho passe mais tempo com ele e acompanhe o seu crescimento em todas as suas vertentes, ou seja, cuidar (dar de comer, dar banho, etc), brincar com ele e até passarem tempo um com o outro, só os dois, mas isso é um capricho (deve ser) porque ele precisa é da mãe e o pai tem de trabalhar... ao que parece as mães não precisam de ter tempo para elas.... Mais... ele é muito pequenino, não percebe regras, como, por exemplo, não levar brinquedos para a mesa, não usar chucha a não ser para dormir (aos 22 meses), castigos, etc. pelos vistos eu devo ser demadiado exigente com ele....

O que ficou foi o ressentimento de sentir que não foi dado crédito às minhas preocupações, de nunca me ter dito "Mas o que a faz estar tão preocupada? vá ao médico, oiça opinião de especialistas, enfrente os seus receios, porque pode não ser nada mas tem que se descartar todas as hipótese" e eu não consigo ultrapassar isto, não sei como fazê-lo. Sinto que nada do que eu faça vai mudar a sua atitude... pelo contrário, só nos afasta uma da outra. Fico triste porque gostava que ele tivesse uma avó tão maravilhosa como a minha, que com quase 90 anos tem uma compreensão e abertura de espirito maior que muitas de 60!

Ou então sou eu, que estou errada, que não consigo ser politicamente correcta, dizer apenas "sim, o menino está bom, comeu, fez xixi, tem o cocó duro, não tem tosse, logo não tem nenhum problema de saúde..."  virar costas, ir á minha vidinha ou seja dormir... pois são 2h da manhã e ainda estou aqui de pestana aberta a pensar nisto!!

3 comentários:

  1. É complicado quando da parte da nossa familia não temos o apoio que estavamos há espera.
    Isso acontece comigo, os meus sogros não aceitam que a pequena tenha PEA(eu e o meu marido somos malucos), nem pensar em falar alguma coisa com alguém da familia do meu marido, nem querem ouvir falar disso, aliás uma tia( que o meu marido deixou inclusivé de falar) andou a dizer que a sobrinha( ou seja a minha filha) não parecia mas era deficiente....
    Os meus sogros nem querem saber muito da neta porque esta não lhes liga( se eles não fazem por isso é normal que ela não lhes ligue e se estão há espera que um dia mais tarde isso venha a acontecer....)é que os meus pais adoram a neta( os meus sogros só têm esta e é o que é e os meus pais ainda tenhem outra e mesmo assim adoram a neta e andam sempre a ver como está a menina) e lá está a minha filha chama a avó e o avÔ. Ela vai fazer anos e estou mesmo a ver os meus pais a chegar e ela toda contente a ir ter com eles e chama-los para as brincadeiras( que é o normal) e os meus sogros a ficarem para lá sentados .
    Realmente até vou gostar de ver isso, não é ser vingativa mas vai saber bem ver essa lição....

    Bjinhos

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  2. Nem sei que diga, tem pessoas que realmente nao tem sensibilidade nenhuma :/

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  3. Eu fui acusada de ser a culpada do autismo das piolhas, o marido foi apontado a dedo. Pelos próprios pais. As falhas são única e inteiramente nossas, os avós paternos afastaram-se a partir do momento em que ficou provado - de forma escrita e irreversível naquele papel - que havia autismo em nossa casa. Devem pensar que ficam contaminados ou assim. Raramente telefonam, não entendem o porquê de terapias, não associam a brincadeira à aprendizagem, somos criticados porque trabalhamos. Mas somos criticados por ficarmos em cada com elas, à mesma!
    O que fazemos? O mínimo contacto possível, notícias breves das netas, está sempre tudo bem ou tudo mal caso estejam doentes, não se fala de autismo com eles porque para eles as netas não têm nada porque não há nada do que vejam na tv ou em livros que mostre que há pessoas com autismo igual ao delas. A ignorância e a vontade de se manterem ignorantes é tão grande que desisti, pura e simplesmente. Não estou para me moer com isso.
    Um conselho? Faz o mesmo e não ligues. Conversas telegráficas e segue o teu instinto. A mãe és tu. Ponto.

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